sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mercado imobiliário no RN tem promessa de crescimento


O ritmo em que o mercado imobiliário tem crescido em Natal e na sua Região Metropolitana é tão intenso que é impossível de ser ignorado: os lançamentos surgem em todos os pontos, independente de bairro ou poder aquisitivo da população local. Um cenário que toma proporções ainda maiores quando se considera os empreendimentos nas áreas litorâneas do estado. Tudo isso, porém, ainda é pouco: profissionais ligados diretamente à área dizem que o Rio Grande do Norte ainda está no começo da boa fase dos investimentos em imóveis.

Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon) mostram que a expectativa de lançamentos por parte das principais construtoras do estado aumentou mais de 11 vezes nos últimos três anos, batendo a casa dos R$ 1,15 bilhão (veja quadro na próxima página). A diretora executiva da entidade, Ana Adalgisa Dias Paulino, diz que fatores como a entrada de mais empresas entre as informantes e a quantidade de empreendimentos não concretizados colaraboram muito para este recorde. Segundo ela, a burocracia necessária para legalizar uma obra emperra muitos empreendimentos. No entanto, mesmo se descontadas as 2.164 unidades que foram anunciadas mas não chegaram a ser lançadas entre 2005 e 2006, a quantidade prevista para este ano é mais de 100% maior do que nesses dois anos anteriores.

Para um dos diretores da construtora Estrutural Brasil (parceria entre o grupo português Madre e empresários locais), Hugo Mendes Pinto, a situação econômico-financeira que o Brasil apresenta veio acelerar vários setores de atividade. Segundo ele, o mercado imobiliário foi um dos principais beneficiados com esta situação através da melhoria das condições apresentadas pelos bancos: juros mais baixos e prazo de financiamento mais longo. “Estimulado por esta situação, as maiores incorporadoras de São Paulo, também impulsionadas pelos IPOs (empresas que fizeram seu primeiro lançamento de ações ao mercado recentemente) tiveram necessidade de expandir o seu raio de atividade, apostando no Nordeste, mercado que apresenta um potencial de crescimento superior ao resto do país”. Para ele, é “previsível” que o mercado imobiliário continue em alta com um forte aumento da concorrência que virá beneficiar muito o consumidor final.

“Esse mercado está começando agora”, diz o presidente do Sinduscon, Sílvio Bezerra. Ele destaca a importância que os imóveis têm como foco de investimentos, devido à queda da rentabilidade de outras aplicações. Ao falar sobre a margem que este mercado ainda tem para crescer, Sílvio cita as facilidades de acesso ao crédito - alida a uma enorme massa de pessoas que ainda não têm casa própria - e os grandes empreendimentos que estão prestes a inciar as obras no Litoral Norte, como os resorts dos grupos espanhóis Sànchez e Nicolas Mateos. “Quando um grande empreendimento deste aparece, vira um pólo e vários outros menores se instalam nas proximidades”. Para Sílvio, “Natal é a bola da vez”. “O que precisa tomar cuidado e tem que ter bastante atenção para fazer com que esse crescimento tenha sustentabilidade social e ambiental”.

Números do Ministério do Trabalho mostram, porém, que este ano o saldo entre empregados e desempregados (contratações menos demissões) vai ser bem menor do que em 2006. Este ano, a construção civil abriu praticamente o mesmo número de vagas (em torno de 17 mil), mas demitiu mais. Sílvio explica que, no ano passado, por ser de eleição, houve muitas obras públicas em andamento. Além disso, ele ressalta que esse quadro vai se inverter quando os grandes empreendimentos forem aprovados. “Quando começarem as obras, vai faltar mão-de-obra qualificada”, afirma. Ele ressalta que, entre 2004 e 2006, o saldo de empregos do setor de construção civil do RN teve o maior crescimento da Região Nordeste, superando também a média do país. Este ano, porém, embora não esteja negativo, o índice do RN (5,32%) está abaixo das médias nordestina (6,06%) e nacional (10,5%).

Empresas visam novos mercados

O momento de aquecimento que o setor atravessa também contribui para a entrada de novas empresas no mercado. Um delas é a construtora Estrutural Brasil, resultante da parceria entre o grupo português Madre e empresários locais, que aposta em um nicho ainda inexplorado na cidade, os imóveis voltados para jovens da classe média alta. A empresa, que iniciou as atividades no começo do ano passado, está trazendo para o RN o conceito de apartamentos com estilo loft, que já é uma tendência nas grandes cidades do mundo, como São Paulo e Nova York, nos Estados Unidos. O loft é caracterizado por apartamento duplex, com pé-direito alto, vão livre e ambientes integrados.

O residencial Jardins do Alto, a ser erguido no Tirol com 80 unidades, tem a intenção de ser o primeiro empreendimento de Natal nesse formato. E a chegada desse tipo de imóvel promete criar uma nova cultura, já que ainda não existem apartamentos nesse formato e agradar ao mercado. “Por ser um duplex diferenciado, que traz um conceito novo, acreditamos que o loft se torne uma tendência em Natal. Em grandes centros, esses imóveis já têm uma excelente aceitação, não só pelo poder de revenda, mas também de locação”, atestou o gerente comercial da Abreu Imóveis, Paulo Carneiro.

Já a EC Engenharia e Ramalho Moreira estão apostando na interiorização do mercado imobiliário. Juntas, as empresas lançaram recentemente o projeto Alto da Serra, em Serra de São Bento (a 112Km de Natal). “Essa primeira fase do projeto confirmou a região como um verdadeiro destino do ecoturismo potiguar e para prática de esportes outdoor”, dizem os empreendedores. Estão sendo comercializados 91 lotes no condomínio Quintas da Serra e 49 chalés na ecovila Vilas da Serra.

Esse movimento de grupos locais e internacionais despertou o interesse de grandes construtoras e incoporadoras do Sudeste. Somente este ano, a Gafisa se associou à paraibana Planc, que atua na Paraíba e no RN, já havia registrado aumento de 50% em suas operações (este ano, a construtora deve entregar 270 apartamentos em Natal) e também se tornou parceria do grupo Alphaville. A Rossi começou suas atividades no estado através de parceria com a cearense Diagonal; e a Cyrela escolheu a potiguar Abreu Imóveis para investir no estado.Fonte: Tribuna do Norte

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